10.11.07

Entrevista com Henrique Elisei. PENTACÚSTICA




Sheldon Feitosa :
Qual é a sua relação com a música?
Henrique Elisei :

Ela não é intensa como eu gostaria minha família não tem uma "veia" musical acentuada, e isto foi refletido na minha infância. Tive que me virar para educar o ouvido e criar uma pequena cultura musical.
Como meu trabalho principal envolve a parte técnica dos equipamentos voltados para o mercado do entretenimento, criei métodos e sistemáticas para entender a música nesse âmbito.
Posso te falar que eu "enxergo" melhor o som, do que ouço [risos] é uma antítese, mas eu aprendi a fazer isto com precisão.

Sheldon Feitosa diz:

Qual é a sua formação?

Henrique Elisei :

Sou engenheiro elétrico, formado no INATEL em Santa Rita do Sapucaí. É uma escola cujo foco é a eletrônica aplicada às telecomunicações. Tive que ralar e estudar muito sozinho para adequar os ensinamentos ao áudio, uma vez que este assunto não era o principal na época em que estava lá. Pude contar com bons profissionais para me ajudar, isto encurtou um pouco o caminho, mas a dedicação e o tempo gasto foram grandes.

Sheldon Feitosa :

Como surgiu a PENTACÚSTICA?

Henrique Elisei :

A Pentacústica nasceu quando eu estava na faculdade. O INATEL promove anualmente uma feira de ciências chamada FETIN, é uma iniciativa que incentiva o empreendedorismo e imaginação dos alunos.
Eu e um amigo resolvemos participar desta feira quando estávamos no 3º período da faculdade. Nosso conhecimento era mínimo, uma vez que nenhum dos dois possui ensino técnico.
Resolvemos desenvolver um amplificador para som automotivo, e demos o nome de PENTA ao projeto, pois ele possuía cinco canais de amplificação.
A FETIN gratifica os melhores projetos, e nós ganhamos esta disputa juntamente com um prêmio em dinheiro, cursos, equipamentos entre outros brindes.
A coisa toda começou aí, e isto aconteceu em 1993, o nome da empresa foi originado deste projeto. Tenho ele numa moldura em minha sala e sempre que preciso me superar, dou uma olhadinha no “bichinho”.

Sheldon Feitosa :

Qual é o principal foco da PENTACÚSTICA?

Henrique Elisei:

A empresa buscou uma identidade até meados de 1999, quando nos firmamos no segmento do áudio profissional.
O foco principal é este, mas ele também pode ser segmentado. Atualmente atuamos com muita ênfase no que tange a parte de infra-estrutura do sistema, principalmente na parte da energia elétrica. Isso a primeira vista pode não parecer áudio, mas está absolutamente relacionado e por incrível que pareça tem tudo haver.
No entanto, a empresa nasceu com uma vocação para o processamento de baixos sinais, e isto não vai ser deixado de lado nunca.
Existe um projeto interno que nos levará de encontro ao mercado dos estúdios de gravação, pelo menos na parte onde o hardware ainda será necessário nos próximos 7 ou 10 anos isto começará a aparecer no próximo ano.

Sheldon Feitosa diz:

Está sendo desenvolvido um pré-amplificador por você e pelo Fábio da canil áudio pró, atravéz de uma comunidade do orkut, vc poderia comentar?

Henrique Elisei :

Claro! Inclusive você participa do projeto.
Isto foi uma coisa bonita que aconteceu conosco, esta idéia e a quantidade de pessoas envolvidas pode ser considerada um marco para a indústria nacional, a iniciativa é inédita no país, e o resultado será surpreendente tanto do ponto de vista comercial como do usuário.
Esta experiência é gratificante para mim como profissional e também para a Pentacústica, uma vez que facilitará o seu ingresso neste segmento de mercado. Conheci pessoas e fiz amigos, meu relacionamento pessoal e profissional foi ampliado com esta oportunidade.

Sheldon Feitosa :

Do ponto de vista técnico, qual seria a parte mais crucial para melhor aproveitamento na captação de áudio num estúdio de gravação?

Henrique Elisei :

Temos que encarar um estúdio como um sistema fechado, aliás, esta linha de raciocínio se encaixa em quase tudo no áudio. É estranho isolarmos partes deste sistema e tirarmos conclusões macro a partir disto. Portanto, como um sistema, tudo é importante!
Mas se isolarmos algumas etapas, vamos encontrar algumas variáveis que tornam a vida do técnico de gravação mais fácil.
Em primeiro lugar coloco a acústica da sala de gravação, depois a acústica da técnica, depois vêm os pontos importantes e comuns a qualquer sistema de sonorização e gravação, bons microfones e monitores, sem eles é praticamente impossível realizar um trabalho de ponta.
Atualmente a briga é grande em recursos que eu colocaria como "secundários" dentro deste sistema. A discussão em cima das plataformas e softwares de gravação é muito acirrada, mas se lembrarmos que antigamente elas não existiam, podemos classificá-las como secundários. Eu não atribuo a qualidade a estes equipamentos, acho que os ânimos deveriam ser mais frios ao se tratar deste assunto.
Como falei, existem coisas que sempre existiram e que ainda continuam sendo mais importantes.
O importante é ter a idéia do sistema como um todo, não adianta ter o melhor microfone do mundo se a acústica da sala não ajudar, não adianta de nada, ter tudo, e o cafezinho do estúdio ser ruim! [risos]. Enfim, deve-se existir um balanceamento, uma harmonia nos componentes, para que o negócio tenha sentido.

Sheldon Feitosa :

As empresas nacionais cresceram nesses últimos anos, mesmo assim ainda existem preconceitos sobre os nossos equipos, você acha mito ou temos muito o que crescer ainda em relação ao primeiro mundo?

Henrique Elisei :

Não é mito não Sheldon, são os frutos de uma colheita, cujas sementes foram plantadas no final de década de 70 e por toda a década de 80, os fabricantes da época produziram péssimos produtos e esse fato, prejudica a indústria até os dias de hoje. O pior é que estas sementes ainda são plantadas atualmente por algumas empresas e profissionais.
São muitas as empresas que atuam de forma "atrapalhada" no mercado, existem fabricantes grandes e conceituados que ainda fabricam soluções fora de um contexto e pouco adequadas.
É claro que isso tudo cultiva este ranço do brasileiro pelo seu próprio mercado, é uma questão muito complicada e um tanto delicada, e ainda sem um horizonte para acabar.
Mas, a coisa como um todo melhorou muito, temos ótimos exemplos e expoentes na indústria, hoje algumas empresas desenvolvem e produzem equipamentos sérios dentro de uma realidade mundial, o usuário tem mais acesso a informação e cobra constantemente melhorias e soluções adequadas. No entanto, estamos muito longe, na maioria dos casos, de possuirmos produtos com tecnologia de ponta, faltam incentivos e inciativas, falta a união dos fabricantes e uma correta segmentação do mercado.

Sheldon Feitosa diz:

WAVE STUDIO e SHELDON FEITOSA agradecem esta oportunidade ímpar e deseja um FELIZ NATAL E UM ANO NOVO PRÓSPERO!!!






2 comentários:

Theo disse...

Parabéns pela ótima entrevista!
É sempre importante saber que temos
gente de alto nível aqui no Brasil,
desenvolvendo projetos na área do
áudio.
Sou um fã e um cliente em potencial!
Theo Santos.

Anônimo disse...

Parabéns Sheldon e equipe da Wave Studio pela iniciativa destes projetos na área do áudio. Nota 10 pela entrevista e continuem sempre.